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Foto do escritorJulia Roscoe

Uma vingança rápida e doce

Parte 4

Hospitais tinham um cheiro distinto, percebeu Felicity. Era uma mistura de alvejante, ou qualquer que fosse o produto que eles usavam para higienizar tudo, e doença. Felicity sentiu a morte se infiltrando em suas narinas, em sua corrente sanguínea. Ela não conseguia afastar o sentimento, por mais que Maggie repetisse que as coisas ficariam bem.

Elas não estavam sozinhos na sala de espera. Os pais de Aaron foram notificados e chegaram meia hora atrás. De alguma forma, os alunos também haviam ouvido a notícia, alguns dos amigos de Aaron estavam andando na área de espera. Os rumores começaram a se espalhar: Aaron foi atropelado por um motorista bêbado, não, foi ele quem bebeu depois do treino. Não era bebida, eram drogas. Melhor ainda, esteróides. Alguém comentou que anabolizante não deixa as pessoas embriagadas.

Felicity apreciou a conversa, era melhor do que pensar no que ela fez, no que ela causou. A polícia ainda estava tentando descobrir o que era. Eles questionaram Felicity e Maggie, mas a primeira estava em choque, preocupada demais com seu amor para falar com alguém. E a segunda garota era leal, ou talvez assustada demais para contar a verdade.

Após Maggie mencionar o caminhão, o policial as deixou em paz.

No entanto, Felicity sabia que isso não seria o fim disso, ela sabia que problemas viriam. Problemas reais, não como o toque de recolher imposto por seus pais quando ela foi pega fumando.

Nada disso importava no momento. Ela ficou parada, olhando para as portas duplas onde o cirurgião poderia entrar a qualquer momento.

Atrás dela, uma voz finalmente chamou sua atenção.

– Como ele está? O que aconteceu?

Felicity se virou para encarar a garota que havia chegado ao hospital. Seu lindo rosto estava distorcido de preocupação, seus olhos brilhavam com lágrimas não derramadas.

Algo dentro de Felicity acordou: a mesma raiva que horas atrás levou a garota a fazer algo inimaginável.

Felicity extraiu forças dessa raiva, ela se alimentou dela como uma leoa faminta. Não fosse pelo número de testemunhas ao redor, o rosto daquela garota estaria vermelho agora – e não de chorar.

Com a persistência renovada, Felicity voltou-se para as portas duplas, apenas esperando que o destino fizesse sua parte. Seu único arrependimento? Ter colocado a fórmula no carro errado.

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